A hipófise é uma glândula que está situada na base do cérebro e é responsável por produzir hormônios (TSH, ACTH, GH, FSH, LH e prolactina) e regular a função de outras glândulas do nosso corpo, como as adrenais, tireoide, testículos e ovários. Alterações em sua função, seja por lesão, tumor ou infecção, podem levar a falta ou excesso de hormônios e desencadeiam diversas alterações no organismo e problemas de saúde.

Seguem algumas das alterações mais comuns que podem ser encontradas referente à hipófise:

Prolactinoma: A prolactina é um hormônio secretado pela hipófise predominantemente, mas também, em menor quantidade, em outras células do organismo como placenta, útero, glândulas mamárias e sistema imunológico. Este hormônio tem diversas funções em nosso corpo, sendo uma das principais a estimulação do desenvolvimento das glândulas mamárias, síntese de leite e na manutenção da secreção de leite. O aumento da prolactina pode ser:

  • fisiológica (gestação, amamentação, exercícios físicos, estresse, estímulo mamário)
  • medicamentosa (anticoncepcionais com estrogênio, antidepressivos, antipsicóticos, benzodiazepínicos e medicamentos que bloqueiam receptores dopaminérgicos como a metoclopramida, domperidona, ranitidina, haloperidol e clorpromazina, entre outros)
  • Patológica (hipotireoidismo descompensado, cerca de 30% dos pacientes com a síndrome dos ovários policísticos, insuficiência renal e hepática, tumores da hipófise, entre outros)

Os prolactinomas são os tumores hipofisários mais comuns, e produzem prolactina em excesso. Os sintomas relacionados ao aumento de prolactina são:

  • Hipogonadismo
  • Irregularidade menstrual
  • Redução da libido
  • Infertilidade
  • Galactorreia (Saída de leite pelas mamas)
  • Ginecomastia
  • Osteoporose
  • Entre outros

 

Na maioria dos casos de prolactinoma o tratamento e acompanhamento é feito com medicação via oral, como a cabergolina. Em casos específicos, pode haver a necessidade de tratamento cirúrgico, seja por resistência ou intolerância ao tratamento medicamentoso ou pela presença de sintomas compressivos persistentes devido ao tamanho do tumor.

Doença de Cushing: A doença de Cushing é causada pela produção excessiva de ACTH pela hipófise, que consequentemente aumenta a produção de cortisol pelas glândulas adrenais, levando a um aumento deste hormônio no organismo. É a causa de síndrome de Cushing endógena mais comum. O aumento de cortisol circulante pode causar diversas manifestações, desde quadros mais leves até mais graves, dependendo da duração e intensidade da produção de glicocorticoides. Alguns dos sintomas relacionados à doença de Cushing são:

  • Atrofia muscular de braços e pernas
  • Alterações da pele, como estrias violáceas em abdome e flanco
  • Obesidade visceral e centrípeta, com predomínio de gordura no tronco, rosto em lua cheia e giba cervical
  • Hipogonadismo
  • Resistência insulínica e diabetes melito
  • Excesso de pelos, queda de cabelo, acne, aumento dos andrógenos
  • Hipertensão arterial
  • Alterações nos níveis de colesterol
  • Osteoporose e fraturas
  • Entre outros

O tratamento mais eficaz para a doença de Cushing é o cirúrgico. Se houver falha, pode ser indicado nova cirurgia, tratamento medicamentoso (cabergolina, pasireotide, cetoconazol por exemplo), retirada cirúrgica das adrenais ou radioterapia.

Hipopituitarismo: O hipopituitarismo refere-se à condição em que ocorre a redução da produção de um ou mais hormônios hipofisários. As causas mais comuns estão relacionadas a alterações genéticas, tumores na região da hipófise, inflamação da hipófise (hipofisite) e a síndrome de Sheehan. O tratamento é realizado com a reposição do hormônio que está faltando, como o uso de GH, testosterona, estrogênio, progesterona, glicocorticoide ou levotiroxina. 

Diabetes insípido (DI): O diabetes insípido é uma doença geralmente causada pela diminuição na produção ou ação da vasopressina (ou hormônio antidiurético), um hormônio produzido no hipotálamo, e armazenado na neuro-hipófise. A vasopressina é responsável pelo aumento da reabsorção de água pelos rins e resistência vascular, participando na conservação da água corporal, controle da osmolaridade plasmática e constrição de vasos.   O DI caracteriza-se pela excreção de volumes anormalmente grandes de urina diluída e por sede excessiva, levando a uma perda de água livre pelo corpo, e que se não for compensada pelo aumento da ingesta de água, pode levar a um quadro de desidratação grave.

As principais causas de DI seriam:

  • Diabetes insípido central (deficiência na secreção de vasopressina pelo sistema nervoso central devido tumores, lesões, infecções, entre outros. Corresponde a 80 a 85% dos casos)
  • Diabetes insípido nefrogênico (diminuição da ação da vasopressina nos rins, podendo ser causada por medicações, entre outras causas)

O tratamento do DI central constitui-se no uso de DDAVP (análogo da vasopressina). No DI nefrogênico trata–se o fator que desencadeou a doença, como potássio reduzido, cálcio elevado, uso de lítio ou outras substâncias, ou doenças renais.