As glândulas adrenais estão localizadas acima dos rins e são divididas em córtex (zona glomerulosa, fasciculada e reticulada) e medula adrenal. Esta glândula é responsável pela produção de hormônios esteroides (hormônios produzidos através do colesterol, como o cortisol, testosterona, androstenediona, estradiol, progesterona e aldosterona) e catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) e são capazes de controlar a pressão arterial, frequência cardíaca, metabolismo da glicose, resposta ao estresse, manutenção do equilíbrio da água corporal, do sódio e potássio, entre outras funções.

Algumas das doenças relacionadas à glândula adrenal são as seguintes:

Hiperaldosteronismo primário (HAP): É a produção em excesso de aldosterona de forma autônoma pelas adrenais, levando à hipertensão e aumento do risco cardiovascular. Tem prevalência de 10% dos pacientes hipertensos e é mais comum em mulheres (3:1) na faixa dos 30 a 50 anos. Geralmente não tem sintomas, e suspeita-se do diagnóstico nos casos de hipertensão descontrolada mesmo com diversas medicações anti-hipertensivas, potássio baixo (hipocalemia), antecedente familiar da doença, entre outros.

Os principais tipos de HAP são:

  • Adenoma produtor de aldosterona (lesão presente geralmente em uma adrenal, são casos mais graves e correspondem a 10-50% dos casos)
  • Hiperaldosteronismo idiopático (aumento da função das duas glândulas adrenais, apresenta-se com quadro clínico um pouco mais leve e corresponde a 10-60% dos casos)
  • Entre outras causas menos comuns

Alguns dos sintomas relacionados à HAP:

  • Sintomas relacionados à hipertensão (dor de cabeça, palpitações, acidente vascular encefálico)
  • Redução do potássio (pode levar a sintomas como câimbras, formigamentos, fraqueza muscular, excesso de sede e vontade de urinar)
  • Aumento na resistência insulínica, intolerância à carboidratos e diabetes melito
  • Maior prevalência de síndrome da apnéia obstrutiva do sono 
  • Entre outros

O tratamento do HAP geralmente depende do tipo. No caso do adenoma produtor de aldosterona opta-se pela realização da retirada da adrenal afetada por meio de cirurgia, e no caso do hiperaldosteronismo idiopático opta-se pelo uso de medicações que diminuem a aldosterona, como a espironolactona. 

Feocromocitoma: As catecolaminas (adrenalina, noradrenalina e dopamina) são hormônios produzidos pela medula adrenal e liberadas em resposta à estimulação do sistema nervoso simpático e são fundamentais na resposta do estresse, agressão física ou psicológica, diminuição da glicemia, perda grave de sangue, cirurgias, entre outras. Como fazem parte da resposta de “luta ou fuga”, seus efeitos incluem o estado de alerta, sudorese, aumento da frequência cardíaca e pressão arterial, dilatação dos brônquios, aumento nos níveis de glicose, glicerol e ácidos graxos livres no sangue, entre outros. 

O feocromocitoma é um tumor que origina-se das células cromafins da medula adrenal, local onde as catecolaminas são produzidas, armazenadas, secretadas e metabolizadas. Neste tumor ocorre uma produção em excesso de adrenalina e noradrenalina, podendo levar aos seguintes sintomas: 

  • Hipertensão arterial
  • Palpitações e arritmias
  • Insuficiência cardíaca
  • Ansiedade, pânico e sensação de morte iminente
  • Mãos e pés frios
  • Falta de ar
  • Tremores
  • Fadiga
  • Dor no peito
  • Entre outros

Esta doença tem um risco de malignidade de aproximadamente 10%, e risco de ser doença genética (familiar) de aproximadamente 10 a 25% dos casos.

O tratamento do feocromocitoma é realizado por meio de cirurgia, com a retirada da lesão.

Hiperplasia adrenal congênita (HAC): As hiperplasias adrenais congênitas são doenças geneticamente determinadas (autossômicas recessivas) causadas pela falta de alguma enzima que leva à formação de alguns dos hormônios produzidos pela glândula adrenal. Os sinais e sintomas e as alterações laboratoriais dependem da enzima que está deficiente e da quantidade da deficiência enzimática. Quando ocorre a deficiência de cortisol pela falta de alguma enzima específica, leva a um aumento de ACTH e consequentemente um hiperestímulo da glândula adrenal, fazendo com que ocorra um excesso de hormônios produzidos pela adrenal não afetados pela falta da enzima em questão (como os andrógenos por exemplo).  

O tipo de HAC mais comum é o que está relacionado à deficiência da enzima 21-hidroxilase (90-95% dos casos). Na forma não clássica da doença (forma mais comum) apenas 25% da função da enzima está comprometida e o diagnóstico geralmente é feito após os 4 a 5 anos de idade, com manifestações mais leves. Alguns dos sintomas relacionados à HAC devido aumento dos andrógenos no corpo:

  • Acne
  • Oleosidade de pele e cabelos
  • Aumento de pelos mais grossos em áreas masculinas, como buço, mento, região inferior do abdome, entre outros (hirsutismo)
  • Irregularidade menstrual
  • Infertilidade
  • Entre outros

O tratamento da HAC na forma não clássica pode ser tratado com glicocorticoide, anticoncepcionais orais ou medicações que diminuem os andrógenos do corpo, sempre individualizando cada caso. Existem formas mais graves de HAC que não serão abordadas neste tópico.